Na última visita a esta ilha o Governo deliberou investir mais de 6 milhões de euros na ilha do Pico na construção do Centro de Processamento de Resíduos e do Centro de Valorização Orgânica por Compostagem - processo de reciclagem da fracção fermentável dos resíduos sólidos urbanos(RSU), que permite tratar os resíduos orgânicos domésticos e resíduos de limpeza de parques e jardins - cuja abertura de concurso público foi autorizada. Este investimento dá continuidade à execução do Plano Estratégico de Gestão de Resíduos dos Açores (PEGRA), o qual “enquadra as soluções de tratamento e destino final de todos os resíduos produzidos na Região, baseadas na prevenção da produção de resíduos, na recuperação do seu valor, na valorização dos recursos naturais, na protecção dos ecossistemas e na garantia de saúde pública”.
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Esta deliberação do executivo açoriano, decorre aliás de outra noticiada em Setembro de 2008, quando a então Secretária do Ambiente, Ana Paula Marques, anunciou que “A ilha do Pico contará, em breve, com um centro de resíduos, que integrará um ecocentro, um centro de triagem e uma central de valorização orgânica por compostagem que, em conjunto com o aterro sanitário já existente, vão assegurar o tratamento da grande maioria dos resíduos produzidos na ilha (…) a gestão de resíduos preconizada para o Pico vai «resolver o problema dos lixos naquela ilha por uma década (...) e lembrou que o Pico já possui um aterro sanitário «devidamente licenciado e operacional», faltando criar «um centro de triagem e uma central de valorização orgânica por compostagem, com o respectivo tratamento de águas residuais».
Mas continuemos a nos socorrer do PEGRA e assim nas outras componentes o Plano prevê:
- Em todas as ilhas, deverá ser prevista a construção e exploração de um aterro para o confinamento técnico de resíduos inertes, em particular de resíduos de construção e demolição (RCD).
– Deverá ser instalada uma unidade de tratamento dos resíduos hospitalares do Grupo III, equipada com a melhor tecnologia disponível. Estudos de viabilidade económico-financeiros
deverão revelar qual a melhor localização (ilha) para a sua instalação. Todas as ilhas, deverão ser dotadas de unidades de transferência de resíduos hospitalares do grupo III e IV. Os resíduos do grupo IV serão encaminhados para o território continental para tratamento final (incineração).
- Biomassa florestal e agrícola - A perspectiva veiculada pelo Plano Estratégico Gestão de Resíduos dos Açores é conducente à valorização energética, desejavelmente com o desenvolvimento de projectos inovadores de maior valor acrescentado que a simples combustão.
- Processamento integrado de resíduos orgânicos - Em conformidade com os princípios ambientais e de gestão adoptados no PEGRA, perspectiva-se que seja vantajoso o co-processamento de resíduos orgânicos, RINP, designadamente da actividade agrícolas e agro-pecuária com as fracções biodegradáveis de RSU ou outros resíduos orgânicos (lamas de sistemas de tratamento) na perspectiva da valorização energética por biometanização (ou outra).
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Também se preconiza neste plano um redobrado esforço de sensibilização e educação ambiental para a recolha selectiva e a separação, na fonte, da fracção orgânica dos RSU, procurando-se minimizar a entrada desta em aterro. O período 2007-2013 é perspectivado como uma primeira fase necessária para a resolução de um conjunto de disfunções ambientais e construção de infra-estruturas de base que, posteriormente, poderão evoluir em termos de tecnologia e de integração geral a nível da Região.
Ao fim de quase dois anos avançam as obras…
Sabemos que são processos novos e por isso demorados, mas tardam em ser implementados em comunidades e territórios tão peculiares (ecossistemas frágeis) como as nossas ilhas. Muito se tem avançado, mas muito ainda falta.
A recolha selectiva tarda em abranger toda a ilha.
Temos recolha selectiva de papelão e similares na vila de São Roque, mas será que também a temos nas outras vilas e municípios da ilha?
Recipientes de recolha selectiva de vidro existem nas freguesias de São Roque, mas mal se vêem noutros municípios da ilha. Porquê? Não sabemos…
Vamos então, a par da criação das condições exigíveis, apostar na educação e sensibilização ambiental para a efectiva recolha selectiva e separação na fonte, reduzindo a entrada de resíduos em aterro… antes que seja tarde.
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